Seca em Uberaba poderia ter sido resolvida com a captação do Rio Claro, defende ex-presidente da Codau

Imbróglio antigo em Uberaba, a escolha mais viável para captação de água é um tema que divide opiniões com o passar dos anos entre os representantes da Companhia Operacional de Desenvolvimento, Saneamento e Ações Urbanas (Codau). O ex-presidente da autarquia no governo Anderson Adauto, José Luiz Alves, conta que havia projeto pronto e recurso liberado para resolver a questão, mas a cidade ainda enfrenta os mesmos problemas.

Em entrevista ao programa Pingo do J, da Rádio JM, Alves explica que, durante a gestão dele, foi realizado estudo idêntico ao que está sendo feito novamente agora, para saber o que era mais viável para garantir água aos uberabenses por décadas seguintes.

Foram estudadas as alternativas dos rios Claro, Grande, Araguari e a perfuração de poços profundos. Na época, segundo José Luiz, o Rio Claro foi escolhido por ser uma alternativa mais conveniente, já que foi considerado mais perene, com água mais límpida e o custo menor, garantindo água para uma população de até 440 mil habitantes.

“Uberaba já tinha três poços profundos com captação de cerca de 200 litros por segundo e iria ter uma outorga para captar 800 litros por segundo do Rio Claro. Isso iria praticamente dobrar a capacidade de abastecimento da cidade de Uberaba”, esclarece o ex-presidente.

Após o estudo ficar pronto, foi liberado recurso de R$68 milhões para investir nesse projeto de captação. Após deixar o cargo, o projeto da nova adutora estava pronto e os recursos a fundo perdido estavam garantidos. No entanto, o projeto foi substituído por uma transposição (em situações emergenciais) do Rio Claro e pela barragem da Prainha.

Indagado por que não optou por trazer a água do rio Grande naquela época, já que a Codau tinha em mãos um estudo indicando essa viabilidade, o ex-presidente disse que o custo da obra estava acima das possibilidades financeiras da companhia. O que mais pesou foi o custo da energia elétrica para bombear a água desde o rio Grande até a cidade. Sem contar a necessidade de fazer uma série de estações elevatórias. “Infelizmente não fizemos a adutora do Rio Claro. Se nós tivéssemos feito, certamente não estaríamos vivendo essa seca hoje. Talvez discutindo os próximos 50 anos da cidade”, aponta.

Do montante total, a Codau ainda tem R$42 milhões para solucionar o imbróglio da captação de água na cidade. Em nota, a autarquia explica que o contrato em que estava inserida a obra da captação definitiva de água do rio Claro, citada por José Luiz, foi assinado junto ao Governo Federal em 2011 no valor de R$ 57,6 milhões. É uma verba do Orçamento Geral da União (OGU) a fundo perdido (não reembolsável). E este recurso contempla obras cujo objeto é a ‘Ampliação e Melhoria do Sistema de Abastecimento de Água em Uberaba’.

O objeto está dividido em três metas, sendo cumprida a primeira, que consiste em construção de barragem de nível no rio Claro e adutora de transposição entre o rio Claro e o córrego Saudade.

As outras duas metas ainda não foram cumpridas e irão utilizar o saldo remanescente do contrato de R$42.541.682,87. A Meta 2 consiste na construção de adutora que liga o Rio Claro à Estação de Tratamento de Água (ETA). Esta meta foi substituída – com aprovação do Governo Federal e Caixa Econômica Federal – pela obra da Barragem Prainha. Autorização dada no governo passado. Parte da meta foi cumprida entre 2019 e 2020 com movimentação de terra na obra da barragem.

Já a Meta 3 é a construção de adutora de água entre a Estação de Captação do Rio Uberaba e a Estação Estação de Tratamento de Água (ETA). A obra foi iniciada em agosto de 2022.

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